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Vamos falar sobre Geologia do Petróleo nas escolas?


“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Paulo Freire, 2000.


Fonte: Twinsterphoto


A infância é a época da vida onde a curiosidade está mais aguçada, tendo papel importante no nosso desenvolvimento e personalidade (Silva, 2011). A escola é onde muitos de nós tivemos nosso primeiro contato com a Geologia. Quantos de nós não ficamos empolgados ao ouvir sobre a vida dos dinossauros, sobre o descobrimento dos fósseis ou sobre como os vulcões entram em erupção? Normalmente, durante as aulas de Geografia (ou de Ciências), são apresentados o ciclo das rochas, os diferentes tipos de solo, a deriva dos continentes, a escala de tempo geológico... Mas já notaram que pouco nos foi falado sobre a geologia do petróleo nessa época de nossa formação? No máximo, aprendemos sobre o viés econômico da indústria, seus impactos na economia mundial e a discutir sobre quem deveria ficar com os royalties.


Se pesquisarmos rapidamente no YouTube, vamos encontrar diversos vídeos com linguajar simplificado e abordagem didática sobre os temas citados, mas muito pouco sobre sistemas petrolíferos, rochas geradoras e principais reservatórios. No Google, ao pesquisar “geologia do petróleo para crianças” ou “geologia do petróleo na escola”, nenhum resultado específico sobre o tema é encontrado. Vamos mudar esse cenário? Podemos atuar de forma conjunta com educadores, instituições de ensino e pais para plantarmos a sementinha da curiosidade sobre essa área tão importante da geologia nos nossos futuros cientistas. Paródias, vídeos e jogos são ferramentas que vêm sendo adotadas cada vez mais na educação e que têm mostrado resultados significativos. Certeza que entre nós, profissionais da área, temos pessoas criativas e que podem usar esse dom para disseminar o petróleo para os mais novos de forma a prender a atenção deles.


A escolha da profissão costuma ser motivo de ansiedade por parte dos adolescentes, que se veem pressionados a fazer essa escolha no final do ensino médio, geralmente entre 16 e 19 anos (Silva, 2011). Sabemos que essa decisão, cedo demais, pode gerar frustração e altas taxas de desistência dos cursos. Quando a escolha profissional é feita um pouco mais tarde, de forma mais madura e ajustada, o indivíduo mostra mais capacidade de adaptação e entendimento da realidade (Moura e Menezes, 2004). É importante que familiares e educadores incentivem os jovens a fazerem o que gostam e têm aptidão para que se tornem profissionais melhores (Castanho, 1988).


A Fig. 1 mostra que a escolha de profissão feita por jovens entre 16 e 19 anos se baseia, em sua maioria, nas aptidões que eles notam em si. Por isso o papel do ensino de diferentes temas, muitas vezes relacionados aos futuros cursos de graduação que serão cursados, tem tanta importância na vida das crianças. Dando ferramentas para que elas descubram desde cedo aquilo que as interessa e as motiva, quando chegar o momento da escolha pela profissão, elas não sentirão tantas incertezas.

Fig. 1: Critérios utilizados para escolha da profissão, mostrando que jovens entre 16 e 19 anos, recém-saídos do ensino médio, costumam basear sua decisão profissional em suas aptidões. Fonte: Silva (2011).

O início da movimentação para a aproximação entre nossa área de atuação e as escolas já está sendo feito. Um dos movimentos nesse sentido é a Earth Science Week, promovida pela American Geosciences Institute em parceria com algumas empresas, sociedades e associações como a AAPG. A ESW oficial é realizada todo ano em uma semana inteira, normalmente no mês de outubro, com o objetivo de divulgar as Ciências da Terra à sociedade de forma didática e aplicada, tanto para as crianças e adolescentes quanto para o público geral. No entanto, a AAPG estimula que atividades relacionadas a ESW possam ser realizadas durante todo o mês de outubro ou em outros meses do ano.


O AAPG YP Brazil realiza a ESW no Brasil desde 2017. Este evento ocorreu nos últimos anos em parceria com a ABPG e patrocínio da Shell (2017 e 2018), e também com alguns capítulos estudantis brasileiros da AAPG (2017 a 2019), promovendo atividades em escolas e instituições, tendo abrangido o patrocínio a Olimpíada Brasileira de Geografia e Olimpíada Brasileira de Ciências da Terra (2017 e 2018). A ESW no Brasil já ocorreu em Brasília, Rio de Janeiro, Campinas e Jundiaí. Atividades como visita ao Museu da Geodiversidade da UFRJ, visita técnica às dependências da Petrobras, palestras, exercícios práticos e jogos engajaram as crianças e os jovens em assuntos relacionados a geociências e geologia do petróleo.

Segundo Natália Pasternak, coordenadora nacional do Pint of Science, em entrevista para o Jornal da USP, quando popularizamos a ciência, fica mais clara sua importância para a sociedade, além de mostrar que ciência pode ser divertida. Essa é a função da divulgação científica. Introduzindo o petróleo na educação base, quantos outros futuros geólogos do petróleo não serão descobertos?


Texto escrito pela YP Camilla Szerman.


Referências:


Castanho, G. M. P. (1988) - O adolescente e a escolha da profissão. São Paulo: Paulinas, 1988.

Mikiya, M. e Pasternak, N. (2017) - Importância da divulgação científica é tema do USP Analisa. Entrevista para o Jornal da USP. Disponível em: < https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/importancia-da-divulgacao-cientifica-e-tema-do-usp-analisa/ >. Acessado em 03 de abril de 2020.

Moura, C. B. e Menezes, M. V. (2004) - Mudando de opinião: análise de um grupo de pessoas em condição de re-escolha profissional. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 5(1).

Silva, L. T. B. D. (2011) - O jovem e a escolha profissional no século XXI. X Congresso Nacional de Educação, Paraná.


Twinsterphoto. Disponível em: < https://www.shutterstock.com/pt/g/Twinsterphoto >. Acessado em 03 de abril de 2020

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